domingo, 19 de enero de 2014

EVOLUÇÃO DE UMA MIOPIA - Clarice Lispector



Pero cómo me está gustando esta señora. Hala, un botón de esos. Creo que se entiende bastante bien y si no, para eso están los diccionarios.

"Se era inteligente, não sabia. Ser ou não inteligente dependia da
instabilidade dos outros. Às vezes o que ele dizia despertava de repente nos adultos um olhar satisfeito e astuto. Satisfeito, por guardarem em segredo ofato de acharem-no inteligente e não o mimarem; astuto, por participarem mais do que ele próprio daquilo que ele dissera. Assim, pois, quando era considerado inteligente, tinha ao mesmo tempo a inquieta sensação de inconsciência: alguma coisa lhe havia escapado. A chave de sua inteligência também lhe escapava. Pois às vezes, procurando imitar a si mesmo, dizia coisas que iriam certamente provocar de novo o rápido movimento no tabuleiro de damas, pois era esta a impressão de mecanismo automático que ele tinha dos membros de sua família: ao dizer alguma coisa inteligente, cada adulto olharia rapidamente o outro, com um sorriso claramente suprimido dos lábios, um sorriso apenas indicado com os olhos, “como nós sorriríamos agora, se não fôssemos bons educadores” — e, como numa quadrilha de dança de filme de far-west, cada um teria de algum modo trocado de par e lugar. Em suma, eles se entendiam, os membros de sua família; e entendiam-se à sua custa. Fora de se entenderem à sua custa, desentendiam-se permanentemente, mas como nova forma de dançar uma quadrilha: mesmo quando se desentendiam, sentia que eles estavam submissos às regras de um jogo, como se tivessem concordado em se desentenderem."
Coletânea - EVOLUÇÃO DE UMA MIOPIA - Clarice Lispector

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